A economia dos Estados Unidos está em recessão?

Uma convenção comumente adotada é a de se chamar de “recessão técnica” quando se tem pelo menos dois trimestres consecutivos de redução do PIB. No entanto, há motivos para se considerar prematura tal declaração nesse momento, mesmo se reconhecendo sinais claros e inegáveis de desaceleração do crescimento na margem. A rigor, a trama da “novela do Fed” continuará tensa no futuro à frente, com dois pontos permanecendo obscuros: caso de fato a economia caia em uma recessão, quão rasa ou profunda esta será? Quão rígida para baixo se mostrará a taxa de inflação medida por seu núcleo?

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Bolsas dos Estados Unidos sofreram declínio não visto em meio século

Percepção de riscos de recessão nos EUA e na Europa tem sido um fator de peso na evasão de investidores, escreve Otaviano Canuto. Mesmo se sabendo que há uma defasagem temporal entre decisões de juros e seus efeitos, o Fed não poderá ignorar o que for ocorrendo com índices inflacionários mensais durante a travessia até o próximo ano, diz o articulista.

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A dominância do dólar vai continuar

As pesadas sanções financeiras sobre a Rússia depois da invasão da Ucrânia suscitaram especulações de que o uso armado do acesso a reservas em dólares, euros, libras e ienes iria suscitar uma divisão na ordem monetária internacional. A dominância relativa do dólar parece declinante, mas em ritmo muito gradual.

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Sanções contra a Rússia lembram luta de boxe

As sanções econômicas contra a Rússia anunciadas na semana passada por Estados Unidos e Europa, após a invasão militar na Ucrânia, estão tendo profundo impacto sobre a economia russa, ao mesmo tempo em que também terão repercussão na origem. Como num embate pugilista, a expectativa é a de que os golpes no adversário podem nocauteá-lo, apesar da exposição no lado de quem golpeia.

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Cadeias de Valor Rompidas Esquentam a Novela do Fed, Escreve Otaviano Canuto

Fechamento de fábricas na China no começo do ano passado, confinamentos em muitos países e, em seguida, congestionamentos em redes logísticas de transporte de bens, restrições de capacidade diante de súbitos aumentos de demanda e escassez de mão de obra vêm afetando negativamente a disponibilidade de insumos e produtos no mundo inteiro.. O fato é que o cenário inflacionário começou a mudar com a perspectiva de que as rupturas nas cadeias de valor levarão algum tempo até ser consertadas, tomando no mínimo até a primeira metade de 2022.

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Por que maiores déficits em conta corrente não são problemáticos na crise de Covid

Apesar do aumento dos saldos em conta corrente em termos absolutos em 2020 (em 0,4 ponto percentual do PIB global), os desequilíbrios globais excessivos —ou seja, a soma dos valores absolutos dos saldos considerados divergentes dos níveis correspondentes a fundamentos e políticas adequadas no médio prazo— se mantiveram em torno de 1,2% do PIB mundial, próximos aos anteriores.

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Cedulas, dinheiro, DOlar. Brasilia, 03-09-18. Foto: Sérgio Lima/Poder360

A novela do Fed, escreve Otaviano Canuto

Uma delicada transição está em curso na economia dos EUA. Tanto autoridades fiscais quanto monetárias já deram sinais claros de não contar com –e desejar– o retorno aos patamares de inflação prévios à pandemia, algo inclusive manifesto na mudança de 2% ao ano para média e não mais teto. Agora, que critérios adotar para considerar ser a hora de apertar para impedir que uma inflação acima de 2% contamine credibilidade e expectativas é algo ainda longe de clareza.

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Projeção de PIB melhor não tem ‘milagre’, afirma Canuto

Corrida contra a covid no país não tem sido vitoriosa e dita o ritmo de retomada, diz ex-diretor do FMI. "Tenho usado uma analogia médica desde 2012, 2013, não é que estou entrando na moda. Mas digo que o Brasil tem um problema estrutural, que é a combinação entre a anemia da produtividade e a obesidade do setor público. E as duas se alimentam. Temos que gastar menos em emendas, em remuneração do setor público e reduzir benefícios fiscais. A agenda de reconfiguração do gasto público tem que estar na ordem do dia. Do lado da produtividade, precisamos melhorar a qualidade do ensino e o ambiente de negócios através de reformas."

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A mãe de todas as recuperações nos Estados Unidos, por Otaviano Canuto

Há quem já esteja esperando que o nível dos juros de 10 anos se mova a 2% ao ano. Isso não será suficiente para deter o entusiasmo de Biden com a verdadeira reorientação radical na política econômica e social a que já se propôs a começar em seus 100 primeiros dias.

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A possível queda de braço entre o Fed e os mercados

Parece permanecer uma dupla divergência entre o mercado e o Fed. As projeções de inflação embutidas nos preços dos títulos permanecem acima daquelas apresentadas pelo Fed. Além disso, parece haver dissonância entre o modo de ação anunciado pelo Fed e o que os mercados preveem como “função de reação” pelo Fed. A atual passividade do Fed em relação aos juros longos pode sempre dar lugar a uma revisão de tal posição, a título de estabilização caso a volatilidade se acentue na parte longa da curva de juros.

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O tamanho do pacote fiscal de Biden, por Otaviano Canuto

Segundo a Secretária do Tesouro, Janet Yellen, seria melhor correr o risco de excesso do que de insuficiência. Além disso, o novo regime de política monetária do Federal Reserve põe os 2% de meta de inflação como uma média, não como um teto forçando reações de política monetária para evitá-lo de antemão. Depois de longo período de inflação abaixo dos 2% mesmo em anos com baixo desemprego e juros no piso, as autoridades monetárias poderão se dar ao luxo de esperar algum tempo com inflação acima da média até ser compelidas a apertar os botões.

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Por que os juros nas economias avançadas continuarão baixos

A ação de bancos centrais das economias avançadas tem sido mais reativa que proativa, mais reflexo do que causa, e na ausência dela o desempenho macroeconômico teria sido ainda mais medíocre do que o verificado. O fato é que as taxas de juros reais –de curto e longo prazos– vêm declinando há décadas, ao longo das quais bancos centrais tiveram de responder a vários choques. Como não houve aceleração inflacionária, pode-se presumir que as taxas “naturais” de juros –aquelas nas quais fluxos de poupança e investimentos estão próximos o suficiente para evitar que excessos de demanda ou de oferta provoquem inflação ou recessão– vêm caindo.

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Trump versus Biden e Brasil – Podcast AMERICA DECIDE e Webinar GENIAL INVESTIMENTOS

O Brasil cede às pressões do presidente Donald Trump e renova a cota de importação do etanol americano com tarifa zero, sem uma contrapartida clara por parte dos Estados Unidos. Enquanto isso, avançam negociações de um acordo comercial amplo entre os dois países. De sua parte, o candidato democrata, Joe Biden, fala em atrair de volta as indústrias americanas com incentivos fiscais e elevações de tributos para as que produzem no exterior. Pela primeira vez, o Banco Interamericano de Desenvolvimento é presidido por um americano, Mauricio Claver-Carone, que fala em deslocar as cadeias de valor do eixo Leste-Oeste para o Norte-Sul, envolvendo o Brasil. Para analisar essas questões, Lourival Sant'Anna, analista de internacional da CNN, conversa com Renata Amaral, especialista em comércio, diretora da American University, de Washington, e co-fundadora da organização Women Inside Trade; e com Otaviano Canuto, membro sênior do Policy Center for the New South e ex-vice-presidente do Banco Mundial, também em Washington. --------------------------------------- Trump ou Biden? O governo brasileiro faz campanha aberta pela reeleição do presidente americano Donald Trump. Mas e se o pleito colocar de volta à Casa Branca um democrata? Como Joe Biden vai tratar o Brasil? Com certeza, teríamos mais pressão por temas sociais e de direitos humanos, mas, na economia, o pragmatismo pode vencer. Vamos falar sobre o assunto com o ex-vice-presidente do Banco Mundial e membro sênior do Policy Center for the New South, Otaviano Canuto; com o economista-chefe para os Estados Unidos da SPX Capital, Rafael Magri; e com o economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo.

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Alinhamento com Trump não dá ganhos, e tem custos

Do ponto de observação alcançado pelos vários cargos que já exerceu – que inclui de secretaria no Ministério da Fazenda do governo Lula a diretor do FMI e vice-presidente do Banco Mundial – o sergipano Otaviano Canuto vê com preocupação, mas parcimônia, os efeitos da pandemia de Covid-19. Avalia que a recuperação da economia mundial não será completa – desenhando um formato de raiz quadrada –, e que deixará alguns desafios importantes a descoberto, como a falta de universalização do acesso à saúde na maior economia mundial, fortemente afetada pelo novo coronavírus. De sua casa em Washington, de onde conversou pela internet com a Conjuntura Econômica, Canuto revelou sua preocupação com o futuro da política externa brasileira sob o contexto de alinhamento com o governo Trump, e com a capacidade do país de reverter a deterioração de sua imagem quanto ao trato com a Amazônia, no momento em que o mercado financeiro mundial passa a valorizar diretrizes ambientais em sua tomada de decisão. “Tínhamos tudo para ter os bônus de mostrar ao mundo nossa contribuição para o problema da mudança climática”, afirma.

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