Trump 2.0 promete um choque econômico global
Se republicano sobrepujar limites legais do mercado internacional e implementar algo próximo do que prometeu, economia global sofrerá fortes impactos
Se republicano sobrepujar limites legais do mercado internacional e implementar algo próximo do que prometeu, economia global sofrerá fortes impactos
A estrada rumo à descarbonização do planeta passa pela transição energética, a qual inclui a transição de automóveis movidos a energia fóssil para renovável. Esta transição está ocorrendo como uma verdadeira revolução na indústria automotiva. Adicionalmente, a transição automotiva já está sofrendo o impacto da rivalidade geopolítica entre Estados Unidos, Europa e a China. A transição automotiva está sendo um componente complexo e nada linear da transição energética.
Harris e Trump têm propostas diferenciadas quanto a tarifas, tributos, energia e imigração. Se você acredita na mudança climática causada por emissões de carbono e deseja uma transição para energia renovável no mundo, bem como se acredita que o comércio entre os países não é um jogo de “perde-ganha”, já sabe por quem torcerá.
O FOMC não está atualmente inclinado a aumentar taxas, mas aguarda dados que permitam maior confiança antes de considerar cortes. Após os dados decepcionantes da inflação no primeiro trimestre, é provável que as taxas básicas permaneçam em seu nível atual por um período mais longo que o que se esperava.
Há um "novo normal" com custos de financiamento significativamente mais altos do que na última década. Se melhorias nos saldos primários dos governos não puderem ser alcançadas para compensar taxas reais mais altas e crescimento potencial mais baixo, a dívida soberana continuará a crescer. Isso também poderá trazer implicações para a saúde do setor financeiro. Taxas de juros mais altas, níveis mais altos de dívida soberana e uma parcela maior dessa dívida no balanço do setor bancário tornam o setor financeiro mais vulnerável. Uma reconstrução gradual e crível de amortecedores fiscais que garantam a sustentabilidade de longo prazo de dívidas soberanas será apropriada no "novo normal" do regime de políticas macroeconômicas.
Rendimento de títulos dos EUA de 10 anos saltou de 3,8% ao ano no final do segundo trimestre para acima de 4,7%. Que causas podem ser apontadas como explicação para elevações nas taxas de juros nos títulos de longa duração em relação às taxas nos mercados monetários, que refletem as taxas básicas implementadas por bancos centrais? Duas são possíveis.
As posições de China e EUA nas tecnologias de energia limpa estão hoje inversas às de semicondutores. A transição para a energia limpa está exigindo tanto a inovação científica quanto a expansão em grande escala de tecnologias estabelecidas. Os EUA permanecem excelentes na primeira, incluindo-se aí o trabalho científico na captura e no armazenamento de carbono e na sua remoção. Por outro lado, nas indústrias comerciais que estão na fase de expansão, os EUA estão atrás da China nas tecnologias de descarbonização mais críticas: solar, eólica, baterias e hidrogênio..
Dificultar a progressão da China na sofisticação da produção de semicondutores tornou-se peça central da política dos EUA
Tem-se, no momento, uma repetição de momentos passados de tensão por causa de um aparente impasse na decisão congressual sobre adiar ou aliviar a restrição do teto nominal de divida publica nos EUA. Permanece a esperança de que a Casa Branca e os republicanos alcancem um acordo a tempo de evitar o que Yellen chamou de “impensável” e “catastrófico” - inclusive uma inadimplência no serviço da dívida. Um “inimaginável” calote na dívida pública do país teria consequências nefastas, escreve Otaviano Canuto
Empréstimos têm padrões de aprovação mais rígidos e volume anda de lado, enquanto emissão de títulos está em baixa
Está o sistema bancário dos Estados Unidos à beira de um precipício como o de 2008? Seriam as últimas semanas o prenúncio de uma nova crise sistêmica? O dilema do Fed entre combater inflação e assegurar estabilidade financeira ficou mais apertado, com “dominância financeira” caso os juros sejam mantidos abaixo do que a política contra a inflação recomendaria. Apesar do otimismo de que o estresse no sistema financeiro será contido, um endurecimento de condições financeiras – em ações e crédito - já está ocorrendo.
Neste ano, assistimos o curso de três mudanças significativas no ambiente macroeconômico das economias avançadas em relação ao período posterior à crise financeira global de 2008. Primeiro, já em 2021, a possível insuficiência crônica de demanda agregada de antes deu lugar a choques de restrições no lado da oferta e à subida inflacionária. Como consequência, a era de liquidez abundante e barata provida por bancos centrais deu lugar a juros mais altos e a apertos na liquidez neste ano. Finalmente, como resultado das mudanças anteriores, viu-se forte desvalorização de ativos financeiros e receios quanto a múltiplas possibilidades de choques em 2023.
Demanda por trabalhadores excede a oferta de trabalho disponível e afeta controle da inflação nos EUA. A julgar pela apresentação de Jerome Powell na semana passada, em Brookings, e pelos receios de espirais entre preços e salários, é no mercado de trabalho que será escrito o script da política monetária do Fed.
Semicondutores estão no centro da atual rivalidade entre Estados Unidos e China. Dificultar a progressão da China na sofisticação da produção de semicondutores tornou-se peça central da política dos EUA em relação ao país. O caso dos semicondutores se encaixa como uma luva no que observamos nessa coluna como reversão da globalização nos segmentos de alta tecnologia considerados sensíveis desde um ponto de vista de segurança nacional. Com custos, ainda que considerados justificáveis por autoridades governamentais.
Há uma sincronia internacional no aperto de políticas monetária e fiscal. A probabilidade de retroalimentação de políticas monetárias restritivas é maior quando todas estão respondendo a um problema inflacionário que lhes é comum. A revisão para baixo nas projeções de crescimento global em 2022 e 2023 já tem sido notável.