Por que maiores déficits em conta corrente não são problemáticos na crise de Covid

Apesar do aumento dos saldos em conta corrente em termos absolutos em 2020 (em 0,4 ponto percentual do PIB global), os desequilíbrios globais excessivos —ou seja, a soma dos valores absolutos dos saldos considerados divergentes dos níveis correspondentes a fundamentos e políticas adequadas no médio prazo— se mantiveram em torno de 1,2% do PIB mundial, próximos aos anteriores.

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Moeda chinesa precisa de conversibilidade para internacionalizar, escreve Otaviano Canuto

Enquanto transações comerciais e reservas de bancos centrais e outros investidores públicos globais poderão reforçar a posição do Renminbi como moeda alternativa ao dólar, euro, yen e libra esterlina, o salto qualitativo para a internacionalização da moeda chinesa como moeda reserva só ocorrerá quando a confiança em sua conversibilidade for suficiente para convencer investidores não-oficiais (privados) a guardar reservas nela denominadas.

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Cedulas, dinheiro, DOlar. Brasilia, 03-09-18. Foto: Sérgio Lima/Poder360

A novela do Fed, escreve Otaviano Canuto

Uma delicada transição está em curso na economia dos EUA. Tanto autoridades fiscais quanto monetárias já deram sinais claros de não contar com –e desejar– o retorno aos patamares de inflação prévios à pandemia, algo inclusive manifesto na mudança de 2% ao ano para média e não mais teto. Agora, que critérios adotar para considerar ser a hora de apertar para impedir que uma inflação acima de 2% contamine credibilidade e expectativas é algo ainda longe de clareza.

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O cobre será o novo petróleo, escreve Otaviano Canuto

Os preços de commodities recuperaram suas perdas do ano passado, subindo mais de 25% até aqui em 2021 e, na maioria dos casos, já estão acima dos níveis prévios à pandemia. O pacote fiscal de infraestrutura proposto pelo presidente Biden nos Estados Unidos e a transição energética global para a descarbonização trarão impactos de demanda e preços diferenciados entre commodities. As matérias-primas necessárias para baterias e motores de veículos elétricos –lítio, terras raras– já estão vivendo uma euforia de mercado. O cobre, por suas propriedades de conduzir eletricidade, tende a ser usado 4 ou 5 vezes mais em carros elétricos que em carros movidos a derivados de petróleo. O petróleo, por seu turno, não estará em sintonia com a “recuperação verde”.

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Projeção de PIB melhor não tem ‘milagre’, afirma Canuto

Corrida contra a covid no país não tem sido vitoriosa e dita o ritmo de retomada, diz ex-diretor do FMI. "Tenho usado uma analogia médica desde 2012, 2013, não é que estou entrando na moda. Mas digo que o Brasil tem um problema estrutural, que é a combinação entre a anemia da produtividade e a obesidade do setor público. E as duas se alimentam. Temos que gastar menos em emendas, em remuneração do setor público e reduzir benefícios fiscais. A agenda de reconfiguração do gasto público tem que estar na ordem do dia. Do lado da produtividade, precisamos melhorar a qualidade do ensino e o ambiente de negócios através de reformas."

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A possível queda de braço entre o Fed e os mercados

Parece permanecer uma dupla divergência entre o mercado e o Fed. As projeções de inflação embutidas nos preços dos títulos permanecem acima daquelas apresentadas pelo Fed. Além disso, parece haver dissonância entre o modo de ação anunciado pelo Fed e o que os mercados preveem como “função de reação” pelo Fed. A atual passividade do Fed em relação aos juros longos pode sempre dar lugar a uma revisão de tal posição, a título de estabilização caso a volatilidade se acentue na parte longa da curva de juros.

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Por que os juros nas economias avançadas continuarão baixos

A ação de bancos centrais das economias avançadas tem sido mais reativa que proativa, mais reflexo do que causa, e na ausência dela o desempenho macroeconômico teria sido ainda mais medíocre do que o verificado. O fato é que as taxas de juros reais –de curto e longo prazos– vêm declinando há décadas, ao longo das quais bancos centrais tiveram de responder a vários choques. Como não houve aceleração inflacionária, pode-se presumir que as taxas “naturais” de juros –aquelas nas quais fluxos de poupança e investimentos estão próximos o suficiente para evitar que excessos de demanda ou de oferta provoquem inflação ou recessão– vêm caindo.

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Alinhamento com Trump não dá ganhos, e tem custos

Do ponto de observação alcançado pelos vários cargos que já exerceu – que inclui de secretaria no Ministério da Fazenda do governo Lula a diretor do FMI e vice-presidente do Banco Mundial – o sergipano Otaviano Canuto vê com preocupação, mas parcimônia, os efeitos da pandemia de Covid-19. Avalia que a recuperação da economia mundial não será completa – desenhando um formato de raiz quadrada –, e que deixará alguns desafios importantes a descoberto, como a falta de universalização do acesso à saúde na maior economia mundial, fortemente afetada pelo novo coronavírus. De sua casa em Washington, de onde conversou pela internet com a Conjuntura Econômica, Canuto revelou sua preocupação com o futuro da política externa brasileira sob o contexto de alinhamento com o governo Trump, e com a capacidade do país de reverter a deterioração de sua imagem quanto ao trato com a Amazônia, no momento em que o mercado financeiro mundial passa a valorizar diretrizes ambientais em sua tomada de decisão. “Tínhamos tudo para ter os bônus de mostrar ao mundo nossa contribuição para o problema da mudança climática”, afirma.

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Coronavirus-Covid-19 - Distribuição de comida, feita por voluntários, para moradores de rua e pacientes do hospital HRAN que esperam atendimento na recepção do hopital. Sérgio Lima/Poder360 04.04.2020

Há uma raiz quadrada na recuperação econômica pós-coronavírus, escreve Canuto

Sucesso na travessia da crise do novo coronavírus será medido pela proximidade –mas não retorno– à trajetória anterior do PIB. A partir daí, a tarefa será lidar com o desemprego estrutural criado pela mudança nos padrões de consumo, os níveis de pobreza aumentados em boa parte do mundo, a concentração de renda, os desafios colocados pela digitalização e a tendência à relativa desglobalização. O cálculo da raiz quadrada vai depender das políticas aplicadas em cada país.

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Impacto do coronavírus na economia global

Covid-19 submeteu a economia global a uma parada súbita, provocando choques de oferta e de demanda por onde tem passado. A partir de janeiro, país após país sofreu surtos do novo coronavírus, com cada um enfrentando choques epidemiológicos que levaram a choques econômico e financeiro como consequências. Com que rapidez e intensidade as economias nacionais se recuperarão depois que a pandemia tiver passado? E quando isso vai acontecer? Isso dependerá do sucesso na contenção do coronavírus e das estratégias de saída, bem como da eficácia das políticas projetadas para lidar com os efeitos econômicos negativos do coronavírus. O impacto do coronavírus na economia global se estenderá além de 2020. De acordo com as projeções do FMI em abril, PIBs per capita ao final de 2021 ainda deverão estar abaixo daqueles de dezembro de 2019. Mercados emergentes e demais países em desenvolvimento, além de se defrontarem com dificuldades particulares para lidar com seus próprios surtos locais de coronavírus, sofreram choques adicionais do exterior. Pode-se dizer que, em seu caso, o novo coronavírus trouxe uma tempestade perfeita. Pode-se antever uma economia global pós-coronavirus marcada por níveis mais altos de endividamento público e privado, aceleração em processos de digitalização e menos globalização.

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Mais dívida, mais digitalização e menos globalização serão legados do coronavírus

Três traços da economia global no “novo normal” pós-epidemia já podem ser antecipados. O primeiro é a elevação, em todo o mundo, de níveis de endividamento público e privado. A aceleração da digitalização em processos produtivos e na provisão de serviços públicos será o segundo resultado. Uma terceira característica do “novo normal” pós-coronavírus deverá ser um retrocesso parcial da integração produtiva através das fronteiras que marcou a globalização nas décadas anteriores à crise financeira global, já sujeita a pressões no sentido oposto desde então.

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O Impacto do Coronavírus na Economia Global

Webinar ABEEólica contando com a participação de Otaviano Canuto, Membro Sênior do The Brookings Institution e do Policy Center for The New South e Diretor do Center for Macroeconomics and Development. Canuto foi também Vice-Presidente e Diretor-Executivo do Banco Mundial, Vice-Presidente do BID e Diretor-Executivo do FMI, bem como Secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda.

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Qual será o formato da recuperação econômica pós-coronavírus?

As projeções macroeconômicas divulgadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em abril mostraram uma economia global derrubada pela Covid-19. Noventa países deverão ter seus PIBs encolhidos este ano. Mesmo se antecipando um retorno a taxas positivas de crescimento no próximo ano, a renda per capita no final de 2021 ainda será menor que a de dezembro do ano passado. Trata-se de um desastre econômico comparável ao que aconteceu durante a Grande Depressão dos anos 30 no século passado.  Presume-se que a recuperação pós-crise deverá se iniciar na segunda metade do ano, pelo menos naqueles países onde o surto de coronavírus seja considerado como passado e as políticas de achatamento da curva pandêmica possam ser relaxadas. Os choques provocados pela Covid-19 têm sido profundos enquanto duram, mas invariavelmente serão temporários.  Quão rápida será tal recuperação, ou seja, qual será o formato da curva de evolução do PIB no tempo? De que dependerá esse formato?

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A crise global do coronavírus

A crise global do coronavírus é aqui abordada em suas três dimensões: epidemiológica, econômica e financeira. Porque os países precisam achatar as curvas de infecções e da recessão. Porque os choques epidemiológico e econômico provocaram choque no sistema financeiro. Os países em desenvolvimento enfrentam desafios adicionais, tanto para achatar suas curvas, quanto para responder a choques externos trazidos pelo coronavírus. A intensidade do choque do coronavírus no Brasil e as respostas de políticas governamentais também são sucintamente abordadas.

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