Os custos das fraturas no comércio global

A frequência e a abrangência de medidas comerciais e políticas industriais discriminando agentes externos, particularmente nas economias avançadas, aumentaram no passado recente. Tem-se assistido a uma variedade de políticas públicas nessa direção, como a imposição de tarifas, o endurecimento de regras para investimentos estrangeiros e a renegociação de acordos comerciais para incluir termos mais restritivos. Uma fragmentação geoeconômica global traria danos particularmente para economias emergentes e em desenvolvimento

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Para onde vão as taxas naturais de juros + Para onde vai a Selic

1. Quão durável será a mudança de regime macroeconômico nas economias mais ricas desde 2021? Passado o momento de aperto monetário e consequente estabilização inflacionária em patamares mais baixos, em dois anos ou mais voltarão as taxas de juros nas economias avançadas a níveis tão baixos quanto os das últimas décadas? Ou algo fundamental mudou, aumentando a frequência de choques de preços e a necessidade de juros mais altos? Para os economistas, essa pergunta equivale a: “para onde vão as taxas ‘naturais’ de juros?” 2. Caso se mantenham estáveis os parâmetros estruturais de demanda e oferta da economia brasileira, a Selic nominal deverá estar algo em torno de 7,5% ao ano em fins de 2025, ou seja, a soma da taxa real neutra de 4,5% e da meta de 3% de inflação.

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Por que haverá uma desdolarização devagar e limitada

Tem havido uma redução no grau de "dominância" do dólar, com uma queda se sua parcela nas reservas dos bancos centrais desde a virada do século, de 71% em 1999 para 58,4% ao final de 2022. Contudo, fatores gravitacionais favorecem a continuidade da posição central do dólar em mercados financeiros internacionais, nas faturas e pagamentos comerciais, assim como em reservas cambiais públicas e privadas

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Por que o estresse bancário nos Estados Unidos dessa vez é diferente

Está o sistema bancário dos Estados Unidos à beira de um precipício como o de 2008? Seriam as últimas semanas o prenúncio de uma nova crise sistêmica? O dilema do Fed entre combater inflação e assegurar estabilidade financeira ficou mais apertado, com “dominância financeira” caso os juros sejam mantidos abaixo do que a política contra a inflação recomendaria. Apesar do otimismo de que o estresse no sistema financeiro será contido, um endurecimento de condições financeiras – em ações e crédito - já está ocorrendo.

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Por que o dólar forte é contracionista para a economia global

O dólar norte-americano subiu dramaticamente no passado recente. Um fator maior subjacente à valorização do dólar está no maior rendimento em termos reais dos ativos norte-americanos em relação a outros. A forte valorização do dólar americano em relação às demais moedas, no passado recente, reforçou pressões contracionistas presentes na economia global. A valorização do dólar também traz um efeito compressivo sobre economias que tenham exposição elevada a passivos denominados naquela moeda. Portanto, o "giro" ou "pivô" do dólar só ocorrerá quando ocorrer um "giro" ou "pivô" na política monetária dos EUA.

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Recessão global parece a caminho

Há uma sincronia internacional no aperto de políticas monetária e fiscal. A probabilidade de retroalimentação de políticas monetárias restritivas é maior quando todas estão respondendo a um problema inflacionário que lhes é comum. A revisão para baixo nas projeções de crescimento global em 2022 e 2023 já tem sido notável.

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Bolsas dos Estados Unidos sofreram declínio não visto em meio século

Percepção de riscos de recessão nos EUA e na Europa tem sido um fator de peso na evasão de investidores, escreve Otaviano Canuto. Mesmo se sabendo que há uma defasagem temporal entre decisões de juros e seus efeitos, o Fed não poderá ignorar o que for ocorrendo com índices inflacionários mensais durante a travessia até o próximo ano, diz o articulista.

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Começou o ‘aperto quantitativo’

Além de elevações recentes e futuras nas taxas básicas de juros, as condições de liquidez na economia dos Estados Unidos serão também afetadas pelo encolhimento do balanço do Federal Reserve (Fed) iniciado esse mês. O “afrouxamento quantitativo” (“QE” em inglês) retomado com força em março de 2020, como resposta ao choque financeiro no início da pandemia, dará lugar agora a um “aperto quantitativo” (“QT” em inglês). Ascensão de juros, QT e quedas nas bolsas estão apontando consistentemente numa direção de desaquecimento econômico e, tentativamente, declínio na inflação. E o fim está ainda longe.

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Por que os preços globais de alimentos estão em choque

A combinação de praga da pandemia, guerra na Ucrânia e secas nos últimos dois anos parece ter saído da Bíblia. Agora, essa combinação está possivelmente incorporando a fome, com a crise de preços de alimentos, em parte do mundo. O índice de preços mundiais de alimentos, coletado há 60 anos pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, em inglês), atingiu seu recorde em março, declinando suavemente em abril. Ninguém pode afirmar estar ileso em relação ao choque de preços de alimentos. Particularmente no caso das economias mais pobres, para as quais a parcela dos alimentos na cesta de consumo é significativa.

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Tempestade armada na economia mundial + Impacto da guerra nos preços dos alimentos

1. Podcast O Assunto: Associada ao aumento de preços com a recuperação da atividade pós-pandemia, a inflação se consolidou como fenômeno global. E leva bancos centrais a decidir por apertos monetários, colocando recessão no horizonte. Dados divulgados nesta quarta-feira nos EUA mostram que a taxa acumulada em 12 meses chegou a 8,3% em abril, perto do maior patamar desde 1981. 2, Canal MyNews: No Cruzando Fronteiras desta sexta (13), Jamil Chade recebe o economista Otaviano Canuto, pesquisador do Policy Center for the New South. Na pauta, o impacto da guerra da Ucrânia nos preços dos alimentos.

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A dominância do dólar vai continuar

As pesadas sanções financeiras sobre a Rússia depois da invasão da Ucrânia suscitaram especulações de que o uso armado do acesso a reservas em dólares, euros, libras e ienes iria suscitar uma divisão na ordem monetária internacional. A dominância relativa do dólar parece declinante, mas em ritmo muito gradual.

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