Fluxo de capital da China para a América Latina passa por metamorfose
Volumes menores, investimentos diretos e foco em novas tecnologias agora predominam
Volumes menores, investimentos diretos e foco em novas tecnologias agora predominam
O envelhecimento populacional é um traço de nossa época. Por um lado, as pessoas estão vivendo por mais tempo, com a queda em taxas de mortalidade nas várias faixas etárias desde o século passado. Expectativas de vida subiram na maior parte do planeta. Na outra ponta da dinâmica demográfica, taxas de fecundidade – número de filhos por mulher – também desabaram nas últimas décadas. A partir de certo ponto tal queda na fecundidade tende a levar a um eventual declínio na população. O “bônus demográfico” brasileiro teve início nos anos 70, quando se iniciou um período de aumento das proporções da população em idade ativa e da população ocupada na população total. A janela demográfica das últimas décadas foi subutilizada, a julgar pela evolução da produtividade dos trabalhadores e da economia como um todo no período.
Crescimento, inflação e juros serão menores que em 2023.
Cadeias produtivas mais enxutas e integradas para fora teriam como contrapartida maior capacidade de exportar e de prover domesticamente produtos melhores e mais baratos, podendo sua expansão compensar a menor densidade doméstica. Cabe sempre lembrar que, para além de ganhos de produtividade, em última instância a parte de baixo da pirâmide de renda brasileira seria beneficiária da abertura comercial.
Entrevista concedida para a edição de fevereiro da Conjuntura Econômica
O ano começou com sinais simultâneos de desaceleração no crescimento econômico global e de reorientação nas políticas monetárias de economias avançadas. Será que isto levará emergentes e em desenvolvimento a uma aterrissagem forçada? A resposta dependerá de quão agressiva for a reorientação de política monetária nas economias avançadas.
Uma característica da economia global no “novo normal” pós-pandêmico terá sido o aumento mundial dos níveis de dívida pública e privada. Como resultado do papel do setor público como segurador em última instância contra catástrofes, as políticas para suavizar as curvas de infecção e a recessão pandêmica deixarão um legado de maior dívida do setor público em todo o mundo. O Brasil evidentemente não fugiu à regra. Por conta principalmente dos gastos públicos extraordinários e da queda do PIB em 2020, a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) como proporção do PIB terminou o ano no patamar de 88,8 por cento.
A hipótese de superaquecimento da economia dos Estados Unidos este ano, reforçada pelos sinais de inflação mais alta, criou a percepção de que o Fed poderá se ver obrigado a reorientar sua política, antecipando seu taper e, eventualmente, subindo juros. Haveria alguma possibilidade de um taper tantrum 2.0, caso o Fed se veja obrigado a acelerar o curso por enquanto projetado para ocorrer, gradualmente, a partir dos próximos dois anos? Os riscos maiores para a economia brasileira estão alhures: todos gerados de dentro, não como os de um taper tantrum 2.0.
Corrida contra a covid no país não tem sido vitoriosa e dita o ritmo de retomada, diz ex-diretor do FMI. "Tenho usado uma analogia médica desde 2012, 2013, não é que estou entrando na moda. Mas digo que o Brasil tem um problema estrutural, que é a combinação entre a anemia da produtividade e a obesidade do setor público. E as duas se alimentam. Temos que gastar menos em emendas, em remuneração do setor público e reduzir benefícios fiscais. A agenda de reconfiguração do gasto público tem que estar na ordem do dia. Do lado da produtividade, precisamos melhorar a qualidade do ensino e o ambiente de negócios através de reformas."
Frequentemente a importância da entrada na OCDE é vista como a obtenção de um “selo”, reduzindo prêmios de risco, atraindo investimentos externos e outros. Tal selo é apenas uma cereja no bolo, com os verdadeiros ganhos sendo auferidos a partir das instituições e políticas que tornam o país um membro pleno.
Houve entrada significativa de recursos na conta financeira externa do Brasil em outubro e novembro para investimentos em ações e em títulos de renda fixa. A maior parte do ingresso recente veio de forma “passiva” e não incluiu um volume considerável por parte de investidores “ativos”. Para que a onda se desdobre em disponibilidade de recursos externos para financiar investimentos no país, serão relevantes os avanços e a confiança na agenda fiscal e regulatória domestica.
A percepção de riscos fiscais, ou seja, de não retorno a alguma trajetória não explosiva a partir do ano que vem é o que subjaz tanto a subida de juros longos quanto, em parte, a persistência da desvalorização cambial. O Tesouro pôde evitar ter que pagar juros mais altos na cobertura do extraordinário e justificável déficit público desse ano mediante endividamento de curto prazo. Mas em algum momento à frente as necessidades de rolagem vão impor um enfrentamento daquelas dúvidas, até porque o encurtamento da dívida também acentua a vulnerabilidade diante de surtos de desconfiança. Nesse contexto, fazer twist com a dívida pública, mesmo com a venda de títulos curtos enxugando a liquidez colocada via compra de dívida longa, poderia incorrer em outro risco. Se os juros longos estão refletindo prêmios de risco fiscal exigidos por detentores, reduzir juros na marra pode simplesmente levar tais detentores alhures, inclusive para fora, o que poderia levar ao círculo vicioso entre desvalorização cambial, inflação e taxas de juros.
- O futuro do multilateralismo, as perspectivas para o mundo com a eleição nos EUA e o papel do Brasil na arena internacional. - O grande desafio para o BID vai ser conseguir um aumento de capital porque o espaço de empréstimos que existia foi em grande medida usado este ano - O Brasil estará numa encruzilhada em 2021. Se pegar o caminho errado, "vai virar uma Argentina", alerta o economista Otaviano Canuto. - Pandemia leva Argentina à nova crise cambial; economistas analisam situação
A América Latina continua sendo o maior foco da pandemia global, atualmente respondendo por 41% das mortes globais após os aumentos nas fatalidades de covid-19 no Brasil, México e vários outros países da América Central e do Sul nos últimos meses. Por sua vez, os números das quedas do PIB no 2º trimestre de 2020 revelaram quão fortemente negativo foi o impacto da covid-19 nas economias da região. O quadro geral contém uma diversidade de condições entre os países e um desafio comum de evitar nova década perdida.
Em seu discurso de posse no ano passado, o ministro Paulo Guedes falou da necessidade de construir as paredes necessárias para segurar o teto dos gastos. Domingo passado a Folha de S. Paulo trouxe um manifesto de um grupo de economistas propondo um rebaixamento do piso de gastos para evitar o colapso do teto. Por quê? ------------------------ O segredo está em integrar políticas sociais em um único programa, com maior eficiência por conta da substituição de programas atuais por outro mais socialmente progressivo.