A resiliência com realinhamento do comércio global

Não há sinais de inversão na tendência longa de maior integração comercial global das últimas décadas, especialmente na Ásia. Contudo, há um realinhamento parcial, refletindo o lado mais durável dos choques mais recentes. Provavelmente com algum maior custo na margem, no caso de realinhamento para fins de contorno a choques de natureza geopolítica.

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Os custos das fraturas no comércio global

A frequência e a abrangência de medidas comerciais e políticas industriais discriminando agentes externos, particularmente nas economias avançadas, aumentaram no passado recente. Tem-se assistido a uma variedade de políticas públicas nessa direção, como a imposição de tarifas, o endurecimento de regras para investimentos estrangeiros e a renegociação de acordos comerciais para incluir termos mais restritivos. Uma fragmentação geoeconômica global traria danos particularmente para economias emergentes e em desenvolvimento

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Política industrial e “desglobalização”

Políticas industriais implicam custos econômicos (fiscais, ineficiência), compensáveis na perspectiva de um país apenas na medida em que, em certo horizonte temporal, os efeitos sejam tais que não apenas venham a torná-las redundantes, como também compensem tais custos. As razões para o desencanto relativo com a globalização não parecem ser suficientes para sua adoção generalizada.

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EUA e China travam guerra por procuração nos semicondutores

Semicondutores estão no centro da atual rivalidade entre Estados Unidos e China. Dificultar a progressão da China na sofisticação da produção de semicondutores tornou-se peça central da política dos EUA em relação ao país. O caso dos semicondutores se encaixa como uma luva no que observamos nessa coluna como reversão da globalização nos segmentos de alta tecnologia considerados sensíveis desde um ponto de vista de segurança nacional. Com custos, ainda que considerados justificáveis por autoridades governamentais.

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Abertura comercial deveria ser prioridade para o Brasil

Cadeias produtivas mais enxutas e integradas para fora teriam como contrapartida maior capacidade de exportar e de prover domesticamente produtos melhores e mais baratos, podendo sua expansão compensar a menor densidade doméstica. Cabe sempre lembrar que, para além de ganhos de produtividade, em última instância a parte de baixo da pirâmide de renda brasileira seria beneficiária da abertura comercial.

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Política industrial geopolitizada não vai funcionar

Esperanças de relocalizar e avizinhar - assim como uma revitalização mais ampla das indústrias ou exportações nacionais - são mais viáveis nos países comprometidos com os fundamentos, e menos naqueles que usam reformas de suas cadeias de suprimento como argumentos políticos. Não há atalhos para o desenvolvimento econômico.

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O cobre será o novo petróleo, escreve Otaviano Canuto

Os preços de commodities recuperaram suas perdas do ano passado, subindo mais de 25% até aqui em 2021 e, na maioria dos casos, já estão acima dos níveis prévios à pandemia. O pacote fiscal de infraestrutura proposto pelo presidente Biden nos Estados Unidos e a transição energética global para a descarbonização trarão impactos de demanda e preços diferenciados entre commodities. As matérias-primas necessárias para baterias e motores de veículos elétricos –lítio, terras raras– já estão vivendo uma euforia de mercado. O cobre, por suas propriedades de conduzir eletricidade, tende a ser usado 4 ou 5 vezes mais em carros elétricos que em carros movidos a derivados de petróleo. O petróleo, por seu turno, não estará em sintonia com a “recuperação verde”.

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Globalização remodelada pela pandemia, escreve Otaviano Canuto

Ao intensificar forças geopolíticas e econômicas já em ação, o impacto perturbador da pandemia no comércio internacional deixará uma marca duradoura. A pandemia está acelerando a história, ou seja, algumas tendências recentes estão sendo acentuadas. A pandemia não reverterá a globalização, mas a remodelará.

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Tarifas de Trump diminuíram o emprego manufatureiro dos EUA, analisa Otaviano

O aumento de tarifas imposto pelos Estados Unidos contra seus principais parceiros comerciais a partir do início de 2018 não teve precedentes comparáveis na história recente. Presidente Trump aludiu a, entre outros, o  objetivo de revitalizar empregos na indústria manufatureira do país mediante sua proteção perante práticas comerciais desleais de outros países, particularmente a China. Só que, de acordo com estudo do FED (Federal Reserve Bank), o banco central dos EUA, divulgado em 23 de dezembro passado, o efeito até aqui foi justamente o oposto, ou seja, redução no emprego manufatureiro!

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Em busca de sentido para o tuíte de Trump sobre Brasil e Argentina, escreve Canuto

A nosso juízo, enquanto esclarecimentos e formalização não vêm, tendo a concordar com um ex-colega no Conselho de Diretores Executivos do FMI, o argentino Hector Torres, que em comentário segunda-feira no LinkedIn observou: “o Presidente Trump acredita que governos de Brasil e Argentina estão fabricando desvalorizações cambiais para causar danos a fazendeiros dos EUA… e responde aumentando tarifas sobre importações de aço e alumínio… a premissa está errada e a reação tola!”. Não sem antes contribuir para a incerteza que, como observamos, já vem impactando negativamente a economia global.

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