Fluxo de capital da China para a América Latina passa por metamorfose
Volumes menores, investimentos diretos e foco em novas tecnologias agora predominam
Volumes menores, investimentos diretos e foco em novas tecnologias agora predominam
A reabertura pós-COVID zero da economia chinesa melhorou suas perspectivas de crescimento: o FMI projeta crescimento de 5,2% (2023), com quedas posteriores de até 3,5% em 2028. A reabertura econômica e o crescimento chinês serão fortes o suficiente para repetir as contribuições anteriores à América Latina por meio das exportações de alimentos, minerais e petróleo? Desta vez, será mais gradual e em uma direção diferente. Os fluxos financeiros e de investimentos também serão diferentes.
A recuperação da América Latina depois da tempestade perfeita não deveria se limitar a um simples retorno aos níveis “medíocres” de crescimento do produto de antes da pandemia. Investimentos em infraestrutura verde, exploração de áreas de conectividade digital abertas com a pandemia, assim como uma melhora nos ambientes de negócios e na educação podem levar à inflexão rumo a padrões de crescimento mais resilientes, inclusivos e dinâmicos.
Sexta-feira tivemos anúncios de entendimento entre autoridades governamentais da Argentina e o estafe do FMI acerca de um novo programa de apoio deste. Enquanto isso, além do pagamento da amortização vencida ontem, espera-se também um pagamento na próxima semana, ambos referentes ao pacote anterior, de 2018. Por enquanto, pelo menos a entrada oficial da Argentina em atraso com o FMI foi evitada. Mas o curso à frente será tortuoso.
As enormes disparidades na disponibilidade de vacinas entre as economias avançadas e em desenvolvimento podem exacerbar o que o FMI chamou de “recuperações divergentes” - com terríveis consequências para a América Latina. Uma recuperação robusta nos Estados Unidos, União Europeia e China, embora amplamente benéfica para a economia global, esconde alguns riscos importantes para aqueles que ficam para trás. Uma recuperação pós-COVID bem-sucedida na América Latina deve ser definida como um ponto de inflexão para padrões de crescimento mais resilientes, inclusivos e produtivos.
A América Latina continua sendo o maior foco da pandemia global, atualmente respondendo por 41% das mortes globais após os aumentos nas fatalidades de covid-19 no Brasil, México e vários outros países da América Central e do Sul nos últimos meses. Por sua vez, os números das quedas do PIB no 2º trimestre de 2020 revelaram quão fortemente negativo foi o impacto da covid-19 nas economias da região. O quadro geral contém uma diversidade de condições entre os países e um desafio comum de evitar nova década perdida.
A nova onda de inovações tecnológicas que impactam as finanças, as fintechs, tem o potencial de trazer um triplo dividendo positivo para a América Latina. Pode aumentar a competição no setor financeiro e reduzir custos de transação e dos serviços, além de promover a inclusão financeira e o crescimento econômico. Para que esse potencial seja plenamente aproveitado, no entanto, é necessário buscar uma adequação das estruturas nacionais de regulamentação e vigilância financeira que torne possível gerenciar os riscos que acompanham essas tecnologias.
Na semana passada, choques financeiros se juntaram aos choques de oferta e de demanda derivados do Covid-19, o novo coronavírus. A América Latina começa a sofrer impactos deles decorrentes através de 4 diferentes canais de transmissão.
Otaviano Canuto – A importância da articulação continental para a promoção do desenvolvimento Palestra inaugural - 1º Encontro de Economistas-Chefe dos Bancos de Desenvolvimento da América Latina BDMG, Belo Horizonte, MG, Brasil - 20 de setembro de 2019
A guerra comercial entre os EUA e a China não favorece a América Latina
Mesmo do ponto de vista daquelas economias latino-americanas que obtiveram ganhos de curto prazo com a guerra comercial entre os EUA e a China, os efeitos negativos provavelmente superarão os positivos. A disputa entre as duas maiores economias do mundo nos leva a recordar o antigo provérbio suaíli: “Quando os elefantes lutam, a grama é pisada; quando os elefantes fazem amor, a grama é pisada!”
Os atuais descontos nos preços dos títulos argentinos sugerem estar já sendo precificado um calote. Os títulos de dívida pública de 100 anos, por exemplo, lançados como símbolo do entusiasmo em 2017, estavam quinta-feira sendo negociados a 42 centavos por dólar, enquanto títulos com maturação em 2021 tinham preços de 48 centavos por dólar.
O perfil e volume dos fluxos de capital chinês para a América Latina nos últimos 15 anos refletiram em grande medida a velocidade e a direção do crescimento naquele país
06 novembro 2018 - Paula Tavares, Otaviano Canuto A América Latina vive um ano marcante sob vários aspectos (i). Por um lado, importantes eleições nacionais sendo realizadas em seis países, entre…
AMÉRICA LATINA EM VELOCIDADE DE CRUZEIRO … A maioria das economias da América Latina está entrando em 2018 em velocidade de cruzeiro. No ano passado, a região apresentou a…