Otaviano Canuto realizou a palestra de abertura da XVIII International Finance Conference

 

O diretor do Banco Mundial abordou as lições trazidas pela crise global de 2008, sobre a evolução da globalização financeira e sobre as potenciais fontes de risco da atualidade

O economista e diretor executivo do Banco Mundial para o Brasil e outros 8 países, Otaviano Canuto abriu na noite de ontem, dia 12, a XVIII International Finance Conference (IFC 2018), que acontece até 15 de setembro na Faculdade de Ciências Econômicas. Um dos maiores eventos internacionais na área de finanças, a edição de 2018 da conferência tem os seus debates direcionados para a educação financeira, sob a temática Desafios para uma educação financeira sustentável. São apresentados 95 trabalhos de delegações do Chile, Argentina, Colômbia, Equador, Peru e México, além do Brasil.

Canuto profiriu a palestra “Dez anos depois da crise financeira global”. O tema escolhido pelo palestrante deve-se a proximidade do aniversário de uma década do anúncio de falência do Lehman Brothers, um dos maiores bancos de investimentos dos Estados Unidos, e consequente queda nas bolsas de valores do mundo. A segunda-feira negra, como ficou conhecida o dia 15 de setembro de 2008, é considerado o principal marco da crise financeira global. O economista apontou que haverá, nos próximos anos, outra crise. “Espera-se que não dá magnitude secular que foi a crise financeira global de 2008 e 2009. A grande questão é como estar preparado para enfrentá-las e evitar que elas assumam características destrutivas”, pontua.

O diretor do Banco Mundial focalizou no momento atual, a partir das lições trazidas pela crise global de 2008, sobre a evolução da globalização financeira e sobre as potenciais fontes de risco da atualidade. Canuto prevê que a próxima crise não vai ter como personagens os bancos ou o endividamento das famílias nas economias que tiveram no centro da crise: Estados Unidos e Europa. Isto deve-se a submissão do sistema bancário de exigências regulamentares, após a crise, que os tornaram mais sólidos e a diminuição da dívida das famílias. No entanto, demonstrou receio em relação a explosão das dívidas das famílias em países como Austrália, Canadá e Noruega, onde vem ocorrendo um grande frenesi imobiliário.

Em sua visão, uma potencial fonte de crise seria em economias emergentes, pela postergação de reformas e o impacto do fim do afrouxamento quantitativo nos Estados Unidos, com a elevação da taxa de juros. Por enquanto, a ameaça estaria reduzida a Turquia e Argentina. No entanto, as ameaças e guerra comercial podem trazer impacto financeiro a esses mercados. Outros países suscetíveis seriam os de renda baixa do continente africano e asiático. Uma crise financeira nesses locais seria pontual e não teria grande impacto no sistema como um todo. Canuto chamou a atenção para o caso da China. Mesmo não havendo ligações financeiras externas, uma crise no país chinês afetaria todo o sistema global.

Antes da palestra aconteceu a cerimônia de abertura, que teve o hino nacional brasileiro cantado por Shana Miller. Caroline de Oliveira Orth, diretora acadêmica executiva do IFC 2018, e Carlos Henrique Horn, diretor da FCE e presidente do IFC 2018, deram as boas-vindas aos participantes do encontro. Horn ainda falou da honra da Faculdade de Ciências Econômicas sediar o evento latinoamericano, que acontece pela primeira vez no Brasil. Em seu discurso, o reitor Rui Vicente Oppermann abordou a importância e atualidade do assunto que apesar de ser acadêmico afeta o dia a dia das pessoas. Além deles, a vice-diretora da FCE, Maria de Lourdes Furno da Silva, a presidente do conselho internacional do IFC, Teresita Arenas Yáñez, o presidente da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC-SUL), José Junior de Oliveira e a vice-coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Controladoria e Contabilidade, Marcia Bianchi participaram da solenidade.

Original aqui