O GLOBO
Impactos negativos da guerra comercial entre China e os EUA geram pressão por diálogo
Questionado se Trump pode estar repetindo com a China sua estratégia mais comum de negociação – ameaçar fortemente, para depois negociar com uma contraparte fragilizada -, Canuto afirma que isso pode não estar gerando os resultados esperados:
– A questão é que temos que esperar o bom-senso. É preciso ver que a estratégia de Trump falar grosso com outros países, como na questão do Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte, com Canadá, EUA e México), não deu resultado até o momento – disse.
Trump reconheceu esse provável impacto, mas tentou acenar para parte relevante de sua base:
– Os fazendeiros são grandes patriotas – disse Trump na Casa Branca. – Eles entendem que estão fazendo isso pelo país. E nós vamos compensar isso. E, no final, eles serão muito mais fortes do que são agora.
Além do setor rural, a indústria e outros setores, em geral, aumentam a pressão na Casa Branca para iniciar uma negociação com a China, em vez de recrudescimento da luta comercial. Mas especialistas afirmam que há dificuldades para isso:
– A pressão por parte do setor empresarial americano está aumentando, e era meio inevitável que isso ocorresse. O grau de interconectividade da economia americana com a chinesa é enorme – afirmou Monica de Bolle, professora da Escola de Estudos Avançados da Universidade John Hopkins e pesquisadora sênior do Peterson Institute for International Economics. – O problema é que desde a saída de Gary Cohn (do posto de assessor econômico de Trump) da Casa Branca, não há muita interlocução com o setor empresarial.
Ela afirma, assim, que parte dos empresários tende a pressionar os congressistas, mas tampouco pode haver grande resultados:
– Muitos congressistas já estão preocupados com as eleições de novembro. E a China se tornou um grande bode expiatório, muitos republicanos culpam a China pelos sub-empregos que têm – afirmou a economista.