Nos anos que precederam a crise financeira global, a presença de grandes desequilíbrios em conta corrente entre economias sistemicamente relevantes foi objeto de intenso debate quanto a constituírem ameaça à estabilidade da economia global. O fato da crise ter afinal se originado a partir do sistema financeiro nos EUA, extendendo-se posteriormente à zona do euro, bem como a atenuação daqueles desequilíbrios nos anos que se seguiram, colocaram o tema em segundo plano.
Mais recentemente, sinais de um possível ressurgimento de desequilíbrios crescentes trouxeram de volta a atenção para a questão. Argumentamos aqui dois pontos. Primeiro, embora não tenha representado ameaça maior para a estabilidade financeira global, a ampliação desses desequilíbrios vem revelando um desempenho inferior da economia global em relação a seu potencial de produto e emprego, ou seja, uma trajetória econômica global pós-crise sub-ótima. Adicionalmente, a reorientação de política econômica pré-anunciada para o próximo governo dos EUA sugere a possibilidade de volta de tensão em torno de desequilíbrios em conta-corrente em escala global.
Leia aqui: Revista Brasileira de Comércio Exterior n. 129, out.-dez. 2016