O economista Otaviano Canuto destacou propostas para melhorar a economia no Brasil, que é o grande desafio para atingirmos um grau elevado de desenvolvimento
Os desafios para o desenvolvimento econômico do país e do Estado estiveram em pauta no evento “Agenda de Desenvolvimento ES-BRASIL 2018”. Realizado na manhã desta terça-feira (27), os participantes acompanharam a palestra do diretor do Banco Mundial Otaviano Canuto. Além disso, representantes de empreendimentos portuários capixabas debateram a realidade do setor no Espírito Santo.
O economista Canuto destacou propostas para incrementar a produtividade no Brasil. Segundo ele, este é o grande desafio para superarmos e atingirmos um grau elevado de desenvolvimento.
O diretor do Banco Mundial destacou o “pífio” crescimento da produtividade brasileira frente o crescimento da renda e outros indicadores.
“Sem aumento da produtividade, não há como ter salários reais crescentes sem que isso afete a competitividade. Não há espaço pelo setor público para o Estado taxar e utilizar recursos para políticas públicas sociais. O país não cresce de forma duradoura e não consegue eliminar a pobreza”, avaliou Otaviano Canuto. “A forma de fazer crescer o Produto Interno Bruto por incorporação de gente no mercado de trabalho acabou”, exclamou.
O encontro foi organizado no auditório do Vitória Grand Hall, em Santa Luíza, Vitória. A realização é do Conselho Regional de Economia (Corecon-ES) e do Instituto Brasileiro de Executivo de Finanças (IBEF-ES).
PRODUTIVIDADE
Durante a palestra, o economista apontou as três dimensões que garantem o desenvolvimento econômico sustentável. Primeiro, é necessário contar com uma infraestrutura que evite o desperdício. Segundo ele, o Banco Mundial estima que, para manter a infraestrutura do Brasil, é necessário investir 3% do PIB. Porém, somente 2,5% é destinado a isso, e 70% desse total vem do setor público.
O outro ponto a ser definitivo para o desenvolvimento é a existência de um bom ambiente de negócios. Canuto explicou que isso se refere às condições que as empresas encontram no relacionamento entre elas, com o setor público e com os trabalhadores. “Em relação a outros países, inclusive vizinhos, a situação do Brasil é horrorosa”, enfatizou.
Ele aponta o tempo para concessão de licença de construção, que aqui demora em torno de 360 dias, enquanto na Argentina e no Uruguai o tempo cai para 180 dias. Por fim, é necessário melhorar o padrão de educação dos trabalhadores e da classe empresarial.
PORTOS E DESENVOLVIMENTO
Após a participação do diretor do Banco Mundial, representantes de portos capixabas debateram os desafios e as oportunidades do setor.
Estiveram presentes o diretor da Petrocity Portos, de São Mateus, José Roberto Barbosa Da Silva, o CEO do Porto Central, de Presidente Kennedy, José Maria Novaes, o diretor da Itaoca Offshore, Álvaro de Oliveira Júnior. Também participou o economista Otaviano Canuto e a mediação ficou por conta do vice-presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon), Eduardo Araújo.
“Precisamos ter um ambiente de negócios que não seja fonte de custos extraordinários, que não seja um peso impedindo a produtividade e a eficiência. Acho que, na ausência de fricções dessa natureza, a atratividade do investimento aqui no Espírito Santo já faz dos projetos algo sustentável. Se é algo que o Brasil precisa é ampliar o ritmo de investimentos, é facilitar a implementação de projetos como esse”, declarou Canuto à reportagem da ES Brasil.