Levy representa a chegada de especialistas em gestão pública à equipe de Guedes

 GAUCHAZH – MARTA SFREDO

Levy representa a chegada de especialistas em gestão pública à equipe de Guedes

Confirmado para a presidência do BNDES, ex-mistro de Dilma já foi criticado pela associação dos funcionários do banco, o que foi visto com bom sinal, em vez de problema

MARTA SFREDO 

Foi com alívio que economistas receberam a oficialização de Joaquim Levy como futuro presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Indica que o futuro superministro da Economia, Paulo Guedes, quer se cercar de profissionais com experiência em gestão pública, que ele não tem. Até o fato de a indicação de Levy já ter sido alvo de críticas da associação dos funcionários do banco foi bem-visto, dado poder da categoria, que já ajudou a derrubar uma presidente.

Haverá tantas atribuições concentradas nas mãos de Guedes que um dos riscos seria ficar travado na burocracia, advertiram especialistas em gestão pública. Embora o famoso episódio do orçamento – quando o liberal disse que o Congresso faria um, e ele, outro – possa ser descontado da verve irônica do futuro superministro, ele de fato não tem intimidade com os meandros burocráticos de Brasília. Melhor que se cerque de profissionais do ramo.

Outro respaldo não explícito à equipe de Guedes veio do grupo de discussão chamado Economistas do Brasil. É difícil prever quantas das contribuições da Carta Brasil – conjunto de propostas para a economia apresentado ontem como contribuição ao futuro governo – serão aproveitadas. Mas o fato de as medidas duras incluídas no documento terem chancela de mais de uma centena de economistas, com posições que vão da direita (Elena Landau) à centro-esquerda (Otaviano Canuto), tem peso.

Mesmo que não adote as propostas apresentadas – afinal, existe um Plano Guedes que ainda não foi apresentado –, o futuro governo poderá justificar remédios amargos com essa convergência em medidas duras. Estão no documento temas delicados como a revisão da estabilidade do servidor público e a unificação de programas sociais como Bolsa Família e o pagamento do Benefício de Prestação Continuada (BPC), hoje na conta da Previdência.